domingo, 2 de setembro de 2012



   Lembro de ter sentido um segundo de duvida, porém, eles já estavam ali e eu tinha que seguir em frente. Uma garrafa cheia, um frasco com comprimidos, eu sabia que não seria o suficiente então, apelei para algo bem mais clichê. Foi rápido, tão rápido que quase não senti dor, apenas uma ardência que se misturava com o liquido que escorria e de certa forma aliviava.
   Então, fiquei sentado, apreciando aquela vista familiar mas, hoje tinha algo de diferente, é claro que teria. O sol brilhava intensamente, os pássaros brincavam no quintal e o vento trazia o aroma das flores até mim.
Já havia perdido a noção do tempo, não me importava mais, já estava na hora de ir, eu havia feito a escolha e eles já estavam ao meu lado para me levar.
   Tão tranquilamente como quando iniciei tudo isso, me levantei e os segui, sem remorsos, nem medo. Na verdade uma sensação de alivio percorria todo o meu corpo, e de certa forma, ao deixar tudo isso para trás eu pudesse recomeçar e talvez eu até tivesse uma chance. E mesmo que não tivesse, por um longo tempo eu habitaria o vazio e a calma me habitaria, até que tudo recomeçasse.

Recordações de um suicida.

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